O “lugar secreto” onde pilotos e comissários descansam em aviões; VEJA IMAGENS – TV Florida USA – A sua TV Brasileira nos Estados Unidos
Foto: P. Masclet/Divulgação Airbus.
Com voos durando cada vez mais, chegando a quase 20 horas, é preciso que a tripulação descanse durante a operação. E isso não é feito em seus postos de trabalho. Esses locais são encontrados em aviões que realizam voos de longa distância e internacionais, mas não em aeronaves menores. Descubra onde os tripulantes dormem e passam o tempo enquanto não estão na ativa.
‘Cama secreta’
Espaço reservado longe dos passageiros é apelidado de sarcófago. A melhor dessas acomodações para tripulantes a bordo de aviões é separada da cabine de passageiros e leva essa apelido devido ao espaço que permite, na maioria das vezes, ficar apenas deitado.
Aviões de longo alcance costumam ter esse local. Como as viagens dessas aeronaves tendem a durar mais, é preciso haver um lugar confortável para descansar. E uma aeronave pode ter mais de um desses “sarcófagos”.
A350, da Airbus, tem um compartimento para descanso na parte da frente e outro na parte de trás. O da frente, mais próximos à cabine de comando, é onde os pilotos costumam ficar. O dos fundos do avião, geralmente, são reservados para os comissários.
Acesso é feito por meio de escadas. Os sarcófagos ficam, geralmente, em cima da cabine de passageiros, e seu acesso fica próximo à área onde os alimentos são preparados nos aviões. Eles são protegidos por portas com senhas. Em outros casos, aviões podem dispor de instalações no porão, também separado dos demais passageiros.
Todos devem estar na cabine em certos momentos. Mesmo que estejam em horário de descanso, será necessário interrompê-lo para que todos os pilotos estejam presentes na cabine de comando na hora da decolagem e do pouso. Essa regra é para aumentar a segurança da operação e diminuir riscos.
Local para descanso depende do avião
O local de descanso nem sempre é tão reservado. Em muitas ocasiões, pode ser um assento preparado para essa finalidade ou uma poltrona da classe executiva, desde que cumpra as exigências previstas em lei.
Cortina separa o espaço. Esses assentos para descanso da tripulação precisam ter uma divisão em relação às demais pessoas a bordo para garantir o descanso.
Iluminação deve ser controlada. Junto a isso, ainda é necessário que o isolamento garanta conforto e tranquilidade para o descanso, longe de incômodos que os passageiros possam gerar.
Lei define três classes de espaço
Ao todo, são três classes de espaço para descanso da tripulação segundo a legislação brasileira. Cada uma tem de seguir às normas determinadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ou àquelas definidas por outros órgãos regulatórios de cada país.
Por aqui, as regras são as seguintes:
Classe 1
Deve ser uma cama ou outra superfície em que seja permitido dormir na horizontal e em local separado das cabines de passageiro e de comando.
Ainda deve ter temperatura controlada, permitir o controle da iluminação e tenha isolamento quanto a som e perturbação.
Classe 2
Deve ser um assento na cabine de passageiros que permita dormir na horizontal ou que tenha reclinação de 45° ou mais em relação à vertical.
Ainda deve possuir largura mínima de 50 centímetros e suporte para as pernas e pés quando estiver reclinada.
Deve ter pelo menos uma cortina para separar o local dos passageiros e permitir que se escureça o local e para que fique longe da perturbação dos passageiros e outros membros da tripulação.
Classe 3
É um assento na cabine de comando ou de passageiros que recline ao menos 40° em relação à posição na vertical.
Deve possuir suporte para as pernas e os pés quando estiver na posição reclinada.
Precisa ser separada dos passageiros por, ao menos, uma cortina que permita o escurecimento do local.
Não deve ser ao lado de nenhum assento de passageiros.
Quanto melhor a classe, mais tempo tripulantes podem voar. Por exemplo: em acomodações classe 1, é possível que a tripulação exerça jornadas de até 18 horas, enquanto, na classe 3, com as mesmas condições de trabalho, a jornada não poderá exceder 15 horas. Para definir essa duração, devem ser levados em consideração o tipo de tripulação (se em maior ou menor número), o horário do início do voo, entre outros fatores.
Pode cochilar na cabine de comando (não no Brasil)
Em momentos de menor carga de trabalho, os pilotos podem cochilar em seus postos. Mesmo com outra parte da equipe em seu momento de descanso, é possível que quem está controlando durma em seu assento.
É o chamado descanso controlado. Entretanto, não em qualquer empresa e, para isso, é preciso seguir uma série de regras. Uma delas é que o cochilo seja de curta duração, geralmente entre 20 e 30 minutos. Outra é que o piloto deve estar afastado dos controles. Costuma ocorrer em voos sobre o oceano, onde a principal parte do trabalho é monitorar os instrumentos. Esse descanso também é reconhecido por favorecer os pilotos para que fiquem mais alertas em momentos críticos, como o pouso ou mudanças de rota.
Brasil não tem regra sobre o tema. Por isso, é proibido os pilotos cochilarem enquanto estiverem na cabine de comando.
Voos mais longos no Brasil não exigem sarcófago
No Brasil, o voo mais longo dura cerca de 4h30min. Ele liga o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), ao de Boa Vista, em Roraima.
Duração não obriga ter área de descanso. Por isso, essa rota não é normalmente operada por aviões com sarcófagos a bordo.
Modelos não voam tanto tempo assim. No Brasil, os principais modelos de avião utilizados são o Airbus A320 e o Boeing 737. Em raras ocasiões voam mais do que nove horas, dentro do limite da jornada de trabalho dos tripulantes. Por isso, essas aeronaves não contam com um sarcófago de fábrica.
Rota mais longa do mundo chega a 18h40min. É o caso do voo operado pela Singapore Airlines entre o aeroporto de Changi, em Singapura, e o aeroporto John F. Kennedy, em Nova York (EUA).
Créditos: UOL.